Foto: Reprodução Redes Sociais
ARTIGO - As autoridades e a sociedade precisam evitar o brutal sucateamento dos Correios e Telégrafos – Clarindo Silva
Sempre fui de escrever cartas, enviar cartões, telegramas. Apesar da modernidade do ZAP, dos e-mails e em outras palavras apesar da internet, mas nada se compara com você receber uma carta de alguém que você gosta e especialmente da pessoa amada. Escrevi muitas cartas, que por certo se um dia eu resolver transformar em um livro, certamente terá mais de 500 páginas.
Não sou professor de história, nem historiador, como o fenomenal professor Cid Teixeira, mas gosto de história. Não consigo entender como é que já nos idos 1663 surgia a criação do Correio Mor e já em 1931 foi feita uma fusão dos Correios com os Telégrafos, mas se formos falar da importância das cartas, missivas, correspondências, como queiramos chamá-las, gostaria de citar a carta de Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal, quando do dito descobrimento desta nação chamada Brasil. Esta instituição chamada Correios era tratada com o devido respeito, como assim eram tratados os carteiros (as).
A expectativa da chegada das cartas era tão grande, que às vezes a gente ficava ansiosamente no início da rua, para receber logo a carta, o telegrama ou uma encomenda vinda do interior do estado, das capitais e de diversas partes do mundo. Sabemos da modernidade, mas fechar tantas agências dos correios é no mínimo um desrespeito. Imagina que aqui no centro tínhamos, na Cidade Baixa, mais precisamente na Praça da Inglaterra, num prédio suntuoso, o correio central. E aí tínhamos também as agências daqui do Centro Histórico, propriamente começando pela minha sofrida Baixa dos Sapateiros, lugar que costumo chamar de veia aorta do nosso Pelourinho. Outra agência no Cruzeiro de São Francisco, que prestava inestimável serviço à nossa cultura, com o correio cultural, no suntuoso primeiro andar. Quantas exposições, quantos lançamentos de livros, debates, seminários e outros tantos eventos que conseguiam atrair um público fantástico para esse lugar extraordinário! Mas a devastadora ação de extermínio dos Correios atinge as agências da praça, no prédio onde funciona a quase centenária Associação Baiana de Imprensa. Seguiram fechando as agências da Rua Chile, da Rua Portugal, da Avenida Sete, sem nenhum respeito a nós, pobres mortais. Tenho muitos amigos mundo a fora, que estão adquirindo meu novo livro, "Conversa de Buzu", que apesar de estar no site www.conversadebusu.com, fazem questão de receber pelos Correios, pois querem receber o livro autografado. E sabe onde fui encontrar uma agência dos Correios? Lá no Corredor da Vitória! Pode? Por favor, não destruam a nossa história!
Clarindo Silva é escritor, poeta, jornalista, empreendedor