Psicólogo e Mestre em Psiocologia, Vladimir Nascimento / Foto: Arquivo O Candeeiro
ARTIGO - LER, APRENDER E VIVER – Por Vladimir Nascimento
Quando se abre um livro, seja de qualquer fundamento ou área de interesse, uma gama de possibilidades de interpretações se apresenta e são despejadas sobre a mente do leitor. Essa hermenêutica não somente diverge de pessoa a pessoa, como também pode proporcionar ao mesmo indivíduo outros sentidos em diferentes momentos da sua vida. Essa é a riqueza que a leitura permite: ser sempre atual, dinâmica e provocadora.
Provocação significa “provocar a ação”; e isso o livro faz bem: impulsiona a mente daqueles que o lê na direção de descobertas, antes tidas como inexistentes; estimula o leitor a encontrar outras possíveis formas de conhecimentos; incita-os a aprender a sensibilidade de observar a vida além das aparências. Enfim, capacita-os para não serem submissos às opiniões e determinações alheias. Obviamente que, antes de ler qualquer livro, deve-se conhecer a procedência, bem como o contexto e época que viveu o autor. Tudo isso porque a literatura é uma arte e, como toda produção artística, pode expressar implícita ou explicitamente, manifestações políticas e/ou pessoais, que devem sempre estar sistematizada, a fim de não avaliar erroneamente as informações.
O mais importante disso tudo é não usar o livro apenas como um mero instrumento de reprodução do conteúdo, ou criticar sem fundamentos, mas aproveitá-lo como um dispositivo para novos conhecimentos.
Ler, acima de tudo, exige tempo, desprendimento, hábito, dedicação e exercício mental. Mas, a luta contra a mídia televisiva é uma covardia – principalmente para as crianças. Tudo isso porque, em inúmeros domicílios, elas são expostas desde cedo à influência da televisão. E, quando pais não aguentam mais o lamento dos filhos deixa-os serem consolados pela telinha. De qualquer forma, o pior de tudo isso não é apenas ajudar a gerar um comodismo nos infantes, mas contribuir para uma subserviência e fidelidade canina aos ditames da programação.
A leitura é rejeitada pela maioria dos brasileiros, como mostra várias pesquisas, não porque o livro é caro (existem milhares grátis na internet), nem por falta de tempo, mas, principalmente, graças à preguiça mental, pois o livro, diferente da televisão, não dá respostas prontas e fáceis de serem “digeridas”; ao contrário, exige a busca de mais conteúdos em outras obras, com o intuito de complementar o entendimento. Por isso é um dispositivo altamente excitante e contagiante, de encantos inigualáveis, perpassado através de milênios. E, definitivamente, devemos passar esse legado de prazer às nossas crianças.
Livro é presente, passado e futuro! Um passado que vive no presente; um futuro que se coaduna com o passado e que faz melhor o presente; e um presente que busca raízes no passado para se criar um melhor futuro. Abrir um livro possibilita ao leitor ter em mãos uma capacidade ímpar de entender melhor o passado para, no presente, ser capaz de mudar o futuro.
Vladimir de Souza Nascimento - Psicólogo, mestre em Psicologia (UFBA), autor do livro DIFERENÇAS e Palestrante. CRP-03/4531 / WhatsApp: 71 98809-3157