ARTIGO - Deficiência intelectual – Por Vladimir Nascimento
Numa esfera de intolerância gritante, algumas pessoas tendem a taxar de doidos, “sem-juízo”, retardados e outras infindáveis palavras pejorativas, pessoas com algum tipo de deficiência intelectual. Ora, qualquer ser humano está sujeito a nascer com algum tipo de deficiência (de qualquer ordem), e isso não tira nem muito menos diminui sua dignidade e condição humanas.
Por
isso é importante informar que a palavra “deficiência” jamais pode ser
confundida com "incapacidade". A palavra "incapacidade"
denota um estado negativo de funcionamento da pessoa em função do ambiente
humano e físico inadequado ou inacessível, e não um tipo de condição. Ou seja,
deficiência intelectual não caracteriza uma doença, e sim uma condição de vida.
Uma pessoa com deficiência intelectual pode ou não ter outros comprometimentos
associados.
A ideia da deficiência intelectual está associada no imaginário social à
incapacidade, à eterna infância, à dependência e provocam sentimentos de
superproteção ou de desprezo. Ou seja, por ter algumas limitações elas são discriminadas,
estigmatizadas, colocada numa posição social desfavorável, inferior.
Por isso, deve haver a inclusão dessas pessoas desde a infância. E incluir não é separar. Colocar essas crianças numa escola “especial” é atestar a incompetência do Estado em não adequar as escolas “comuns” para atender todas as necessidades. Inclusão é o processo pelo qual pessoas com deficiência e pessoas comuns convivem nos mesmos ambientes sem ter a necessidade de comprovar sua capacidade para fazer parte de uma mesma sociedade. E especialistas concordam que, havendo maior interação entre alunos com deficiência e alunos comuns, não só as questões sociais como também as pedagógicas serão beneficiadas.
No entanto, é inegável que pessoas com deficiência intelectual podem precisar de mais tempo para aprender, em função de comprometimentos cognitivos. Também é natural que enfrentem dificuldades na escola, e é possível que algumas crianças não consigam aprender algumas coisas, assim como qualquer pessoa que também não consegue aprender tudo. Isso significa que o desenvolvimento mental da pessoa com deficiência não é um desenvolvimento deficiente; é, sim, diferente.
A criança aprende em qualquer situação, o importante é dar a ela condições para esta aprendizagem. A mente da criança contém todos os estágios do futuro desenvolvimento intelectual: eles existem já na sua forma completa, esperando o momento adequado para emergir. Assim, a criança precisa falar e não ser falada, representar e não ser representada. A aprendizagem antecede o desenvolvimento, a criança aprende e se desenvolve.
A pessoa com deficiência mantém a percepção de si mesmo e da realidade que a cerca, sendo capaz de tomar decisões importantes sobre sua vida. São cidadãos que pertencem à sociedade e, portanto, têm direitos e deveres. Suas diferenças precisam ser conhecidas e reconhecidas para serem respeitadas; e ao realizarmos a inclusão, estamos todos fazendo parte de um mesmo movimento – o da verdadeira igualdade social.
Vladimir de Souza Nascimento - Psicólogo, mestre em Psicologia (UFBA), autor do livro DIFERENÇAS e Palestrante. CRP-03/4531 / WhatsApp: 71 98809-3157