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ARTIGO - Educação emocional e a integralidade do sujeito - Por Tiago Piñeiro Martins
Muito se discute sobre Educação Integral, porém normalmente se resume o tema à ampliação da carga horária e a inclusão de atividades no turno oposto. Mas, uma educação integral vai além de simples aditamento do tempo da criança na escola.
Essa jornada ampliada nas escolas integrais é válida, principalmente por inserir atividades culturais, físicas e profissionalizante nas atividades curriculares dos alunos. No entanto, vale ressaltar a diferença desta ampliação à uma educação integral, onde a escola se preocupa nas dimensões do aluno como ser humano em sua integralidade.
Na educação integral a escola não deve se preocupar apenas com a dimensão intelectual de seus alunos. Essa formação deve atingir as demais dimensões desse educando: Emocional, Física e Espiritual. Vale o destaque que, pela obrigatoriedade da inclusão da educação física na educação básica, a dimensão física acaba sendo contemplada, mas, de uma forma individualizada e não na integralidade da formação.
Esse é um dos grandes desafios da educação contemporânea, ver essas crianças em sua individualidade e integralidade, ou seja, são únicas e completas em suas dimensões. Logo, problemas em uma dessas dimensões, pode acabar afetando diretamente as demais. Problemas emocionais podem impactar o desenvolvimento intelectual e o desempenho nas atividades de linguísticas, lógica matemática, nas ciências: humanas e biológicas. Assim, como possíveis agruras emocionais podem incutir em reações na dimensão física, onde uma angústia passa rapidamente do simples “frio na barriga” para sintomas de enfermidades.
A educação emocional desenvolve duas das nossas inteligências: intrapessoal e interpessoal, assim vamos nos conhecer melhor, sabendo dos nossos limites e habilidades e entender o contratempo que o outro também está passando. Um equilíbrio necessário entre a emoção e a razão, quando através da cognição podemos ter a capacidade de compreender a perspectiva psicológica das outras pessoas; e na afetividade desenvolvemos a habilidade de experimentar reações emocionais por meio da observação da experiência alheia.
Quando investimos na Educação Emocional, conseguimos defrontar com situações desconfortáveis que, com frequência, resultam em discussões e agressões a outras pessoas de forma mais equilibrada, evitando surgimento de traumas, provenientes de dificuldades cotidianas. Esse investimento colabora com a tomada de consciência, permitindo uma autoavaliação e análise da situação.
A ausência da Educação Emocional na formação das nossas crianças e jovens acabam agravando problemas de relacionamento social que podem ser identificados no retraimento ou agressividade, além da ansiedade, depressão e atingir diretamente a dimensão intelectual com problemas de concentração e raciocínio.
Tiago Piñeiro Martins é pedagogo, especialista em Psicologia da Educação, mestre em Ciências da Educação e vice-diretor da VIA EDUCAR consultoria educacional.